terça-feira, 14 de abril de 2009

Romance de Partida


(Barulho de pedra batendo na janela)

Acorda, acorda! A gente tem que partir, já esqueceu? Vamos logo, antes que seu pai acorde! Se ele souber que estou aqui vai matar eu e você junto. Eu sei que já passa das três da manhã, mas tive que esperar todo mundo dormir pra poder sair de casa. Vamos! Levanta!

(Dois minutos se passam)

Isso! Até que enfim! Só isso de roupa já está bom, a gente arruma mais no caminho. Coloque naquela mala ali mesmo. Você tem algum dinheiro? Não? Tudo bem, eu acho que tenho uns trocados. Acho que a gente não está esquecendo nada. Vamos.

(Os dois saem da casa, e caminham em direção a lugar nenhum)

Vamos sair daqui e arranjar um canto pra gente. Ficar ali o resto da vida. Mas tem que ser num lugar tranquilo, porque gosto do barulho dos animais, dos insetos, e dessas drogas todas. Tudo bem que os insetos incomodam de vez em quando, mas a gente coloca aquelas redes contra insetos na porta, igual nos filmes americanos, e acho que resolve. O que você acha?
Quando eu chegar do trabalho eu te conto como foi meu dia, você me conta como foi o seu, e a gente faz alguma coisa pra comer. Nada tão complexo, só pra matar a fome mesmo, sabe? Nos finais de semana a gente pode ir passear no parque, igual fazem aqueles casais ridículos dos quais a gente costumava rir, mas acho que isso passa a ser uma coisa gostosa depois de um tempo, conforme a gente vai amadurecendo. Pelo menos eu estou começando a ficar com vontade de fazer isso.
Seria bom também a gente ser mais ridículo ainda. Comprar uma daquelas toalhas de mesa xadrez, fazer sanduíches e ir comer lá, passar a tarde inteira sentados na droga da grama. Parece ser bom. Com você tudo é bom.
Na hora de dormir a gente fala boa noite um pro outro, mas você dorme primeiro, eu não gosto de dormir antes que você. Gosto de ficar te vendo dormir. É a mesma coisa de assistir TV desligada, mas mesmo assim eu gosto.
Bem mais pra frente, quando a gente já estiver ficando um pouco velho, a gente faz um filho. Sempre quis ter um filho, ou filha, tanto faz. De qualquer jeito eles vão crescer e abandonar a gente. Mas não gosto de pensar nessa parte. Gosto da parte antes disso acontecer, e antes daquela rebeldia toda, dos doze anos pra baixo.
Quando passam dessa idade, eles conhecem alguém, se apaixonam perdidamente, fogem de casa, e fazem exatamente o que a gente está fazendo.

8 comentários:

  1. Retribuindo a visitinha,
    muito gracinha esse texto me lembra a música Runaway do Corrs...

    Passa no meu blog sempre que der...=D
    Muito legal o seu...

    PS.: Sempre quis fugir desse jeito ^^ é tão lindo *-*...

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  2. O amor faz a gente querer jogar tudo pro alto e só a companhia da pessoa que gostamos é o que importa.

    Gostei do conto e de sua visita. Volte sempre.

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  3. Mas que delícia de texto, hein, Lucas?
    Adorei! Fiquei pensando: "será que vai ser assim mesmo?". Há histórias tão tão reais...

    Beijos!

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  4. é doce, é simples, isso se concretizado seria amor, mas tu esqueceu da dor.
    (: belo conto

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  5. claro, parceria sim,
    já vou seguir,
    grande abraço.

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  6. gostei, mas ele é revoltado demais pra estar apaixonado, sei lá sadipodjasidjipoa

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  7. Adorei a explicação dele.
    [e fazem o que estamos fazendo, ..]

    ele já tem consciência disso. há.
    muito bom Lucas.

    Fora o fato que acho digno:
    fugir por amor.
    e morar no mato.

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  8. Muito lindo amei o conto *-*

    Como eu queria fugir com o meu amor ..
    ( igual ao conto )

    Beijos =*

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