segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Amor Barato

Me vem, mas não desse jeito.
Vem se for de leve, partida, pra lá.
Vem com beijo, mas não do caloroso, sensual. Desse não!
Me dá do seco, sem graça, barato! Do inútil.

Me vem você, mas não assim bonita, arrumada e penteada.
Vem de manhã, com cara amassada de travesseiro, sono e sorriso.
Me vem de pureza, dessa sem graça e sem cor.

Me aperta forte, mas só se for no acaso.
Não aperta por me amar, não me faz alucinar, me entregar.
Só aperta se no ócio, no ar, nos intervalos de silêncios dolorosos e entediantes.
Assim eu gosto.

Me olha nos olhos mas não no meu olhar.
Não te quero afetando, invadindo, não quero a profundeza e essa intensidade de quem me gosta.
Eu quero o tesão, a falta de ar, o suor, mas não a saudade.
Não me quero pulsando, pulsando, pulsando, e você sabe.
Está cansada de saber.
Me rendo e me mato por você, mas ainda assim.
Você está cansada de saber.

Te quero assim, barata, simples, vazia, livre.
Te quero.
O amor barato.
E só se for sem querer.