sexta-feira, 10 de abril de 2009

Paraíso da Ilusão

É sobre o homem que descobriu o paraíso:

Tudo era bonito. O lugar tinha aquele clima branco, luminoso e sereno, misturado com um cheiro impossível de se descrever, mas que o agradava quase absolutamente. Ele olhava pro lado, e qualquer coisa que ele quisesse simplesmente aparecia. Bastava querer qualquer coisa, que aparecia bem na sua frente.
Um dia ele quis uma mulher, e assim teve uma mulher. Ela era perfeita, impecável, em todos os sentidos. Nos primeiros tempos era uma maravilha, mas depois ele já não aguentava mais aquela mulher. Ela nunca reclamava, concordava com tudo que ele dizia, sabia de tudo e não dava motivos para nenhum tipo de descontentamento. Ele passou a odiá-la por ser perfeita, e se desfez dela.
Sendo assim, entediado e se sentindo sozinho, ele resolveu que queria amigos, daqueles bem íntimos que o ajudassem naquilo que ele precisasse, e então apareceram-lhe muitas pessoas maravilhosas. Tão maravilhosas que depois de um tempo o homem não precisava fazer mais nada, pois para tudo o que ele quisesse, era só pedir aos amigos que eles faziam.
Mas novamente, tudo ficou vazio. Os amigos tornaram-se pessoas desagradáveis. O homem não suportava tanta simpatia assim, e além do mais tinha que fazer alguma coisa de vez em quando. Se desfez também dos seus amigos perfeitos.
Passou-se muito tempo, e ele quis e se desfez de muita coisa, até que um dia já não tinha mais o que querer. Viu então que a perfeição era um erro grave, e de uma hora pra outra quis uma mulher que reclamasse, que falasse dos seus defeitos e o ajudasse a melhorar. Quis também apenas alguns amigos íntimos, e mais outros infinitos amigos casuais, que lhes serviriam para passar o tempo e se distrair, mas que tivessem também suas próprias vidas. Resolveu sair da perfeita casa onde morava e se mudar para um lugar mais simples, com casas normais e pessoas normais. Desejou que naquele lugar passasse a existir milhares de pessoas que ele não conhecesse, simplesmente para poder sentir o sublime prazer da novidade e da surpresa.
Desejou filhos, mas não filhos perfeitos, e sim filhos que fossem errantes, para que ele, junto com sua mulher, pudesse ensiná-los e educá-los.
Descobriu finalmente o paraíso. Viveu o resto de sua vida ali, naquele lugar onde ele podia ter tudo que quisesse, desde que conquistasse. Podia também mudar, conhecer novas pessoas, ter novas experiências, realizar algum sonho, ter também decepções, mágoas e desgostos, que servem, acima de tudo, para deixarem o mundo como um verdadeiro paraíso.

Sim, é estranho, mas a perfeição é o maior defeito que existe.

5 comentários:

  1. Olá Lucas ! Gostei muito da forma como coloca seus pensamentos e sentimentos nos textos e principalmente,como faz cada leitor se identificar de certa forma,com os mesmos.
    Quero fazer uma troca de links com você.Tá a fim?Querendo e podendo me add felipe_lucchesi@hotmail.com Abraços !

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  2. Olá!
    Obrigada por ter visitado o meu blog!
    Fico feliz que tenha gostado.
    Parcerias são sempre muito bem-vindas!
    Como você sugere?
    Um beijo,
    Gabriela

    janelas.blig.com.br

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  3. Lucas! Fiquei lisonjeada com a sua visita no meu blog. Vim ler seus escritos e realmente fiquei encantada. A forma como você envolve com a suas palavras é impressionante. Lindo isso aqui. Adicionei você à minha lista. E mais, não procuramos a perfeição, não é mesmo? Procuramos a felicidade. Isso que importa. Um olhar a dentro, um conhecimento mais profundo sobre si mesmo.

    Meu beijo!

    Fica bem.

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  4. A vida seria mesmo muito chata se tudo fosse perfeito... o perfeito é bom nos sonhos...
    Beijos!!

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  5. realmente, concordo super.

    as vezes a perfeição é o pior defeito.

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