terça-feira, 26 de maio de 2009

Vagas Memórias de Meninos e Meninas


...Foi nesses dias, de Domingo de tarde, que nem chovem e nem fazem sol, nesses Domingos, que aconteceu...

I

Aqueles dois quartos vazios eram antes ocupados um por um homem, e outro por uma mulher, que naquele tempo não eram de fato homem e nem mulher; eram ainda menino e menina. Ele cheira passado, o quarto. Cheira um tempo que já se foi, e às vezes eu passo em frente à porta de entrada e não olho pro seu interior, talvez por já não me recordar absolutamente nada. E ainda se alguma vez o fizer, serão lembranças de coisas velhas, bem velhas, empoeiradas, que não têm mais utilidade nenhuma em minha vida e nem na vida de ninguém. Não me lembro de muita coisa, mas sei - ou penso talvez ter certeza - que lá dormiam um menino e uma menina.
Do lado da velha televisão quebrada da sala, tem algumas fotografias deles, do menino e da menina. As fotos, de tão velhas, já não conseguem mais fazer o que elas foram feitas pra fazer – Retratar algum momento distante, passado, através de uma pose ou um sorriso de alguém, o alguém que está estampado no papel, imóvel, olhando fixamente pra lente da máquina fotográfica, eternamente, eternamente -, e não mais me recordam o menino e a menina. O papel já está ficando com rachaduras e já está quase preto de tão amarelo. Esses antigos retratos me dão a estranha impressão de que naquele tempo tudo era amarelo, inclusive aqueles dois rostos em pose, do menino e da menina. Uma pequena mancha surgiu no canto inferior esquerdo, e depois a mancha amarela cobriu os pés do menino, e andando como um animal rastejante, depois de uns anos, a mancha já estava uniforme no papel, e os dois corpos - do menino e da menina -, pareciam agora vultos, vultos amarelos por entre uma fumaça amarela, por entre uma mancha. Os rostos estão quase indefinidos, e se não fosse pelo cabelo longo dela e pelo cabelo curto dele, eu não saberia dizer quem é quem. De qualquer forma, é por isso que já não passo horas olhando-as, as antigas fotografias, uma por uma. Elas estão velhas, velhas. De recordações só tenho o que fica na cabeça, e são coisas vagas. Não lembro mais da feição, nem de como eram os cabelos, nem de quase nada. Lembro que eram meninos e meninas, e que eu batia fotografias deles. Muitas fotografias.

Houve um tempo - antes das manchas no papel e antes do amarelo em todas as fotos - em que eu espalhava centenas de fotografias sobre minha cama e ficava jogado por entre todas elas, como se elas fossem água e eu estivesse nadando. Olhava uma por uma e tentava lembrar de como eu era feliz naquele tempo que a fotografia retratava. Nunca conseguia lembrar claramente, mas sabia que eu era feliz naquele tempo retratado. Só percebia o quanto eu era feliz depois que o tempo de fato passava, e é isso que sempre acontece. Só percebo o quanto era bom depois que passa. Mas tudo cresce, e esses meninos e meninas se vão. As crianças se vão e se transformam milagrosamente e tragicamente em homens e mulheres, todas elas. Não só essas minhas antigas crianças, mas todos os outros meninos e meninas. Se vão e viram homens e mulheres que geram outros meninos e meninas, e assim a roda vai girando e girando e girando e girando e girando e girando e girando e girando e girando e girando e girando...

Em frente à TV e às fotografias amarelas, tem um sofá marrom claro, de couro descascado, e é onde eu passo boa parte do dia, talvez lendo o jornal, ouvindo o pequeno rádio de pilha que eu carrego comigo o tempo todo, ou ainda fico só sentado, com a cabeça dela em meu colo, a cabeça grisalha e de pele enrugada que ela tem. Ela também já está com um bom tempo vivido, e nada mais é como era antes. Não me importo. Ela era bonita, antes. Ainda é bonita, mas é bonita de outro jeito agora. Nada mais é tão nítido em minha cabeça, mas lembro vagamente de seus longos cabelos negros, e a pele nem morena e nem branca que ela tinha. Talvez fosse de uma cor exata que a pele deve ter pra ser bonita. Os seios eram outra coisa desse jeito, no ponto certo, como se fosse alguma fruta madura em que eu pudesse pegar e me lambuzar todo sem medo de nada. As pernas talvez fossem mais brancas, um pouco diferente do resto do corpo, não tão diferentes, e eram assim por nunca terem sido expostas ao sol, pelo menos não muitas vezes. Na coxa havia diversos pelos pequenos, quase invisíveis, loiros, que se arrepiavam todos quando suas pernas eram acariciadas ou lambidas. Era bom, era bom. De qualquer forma, hoje não estão mais tão maduros assim, os peitos. Mas não me importo. Ainda são frutas maduras pra mim, e eu sei que por trás desses cabelos grisalhos, os antigos cabelos morenos ainda balançam com o vento e brilham expostos ao sol. Brilham. Brilham. Por trás desses peitos já gastos, o coração implorando por descanso, e a perna dos pelos não mais tão invisíveis, por trás de tudo isso ainda existe aquela fruta madura e aquele coração que disparava quando transávamos em pleno domingo à tarde. Tudo está bem ali onde estava. Só está velho, gasto e cansado agora. Mas está lá. No mesmo lugar de sempre.
Havia também alguns domingos em que nós costumávamos deitar na grama do parque, há muito tempo atrás - quando ainda tínhamos paciência pra essas coisas -, e olhávamos os velhinhos. “Você ainda vai me trazer no parque e deitar comigo na grama quando nós estivermos velhinhos velhinhos velhinhos?”, ela perguntava, não com essas palavras, mas eram palavras assim. Eu fazia que sim e nos abraçávamos, pensávamos em como seriam nossos filhos, e em como seria nossa casa e todas essas coisas que os casais costumam pensar. Num dia desses, de parque, comprei pra ela uma rosa, e em três dias a rosa murchou e ficou toda preta, soltando líquidos esverdeados por entre as pétalas mortas. Ela me perguntou como iríamos cuidar de filhos se mal conseguíamos cuidar de uma rosa. Falei que das rosas ninguém sabe cuidar, e isso começa pelo ato de apanhá-las de onde elas devem viver naturalmente e necessariamente, junto com todas as outras rosas, pra que não morram depois de três dias em uma estante de um quarto qualquer, solitárias, solitárias, solitárias. Cuidar de rosas é na verdade nunca apanhá-las. Nunca.
Hoje já não a presenteio com flores, a graça disso acabou, e eu e ela estamos cansados de ter que, toda vez, depois de três dias, recolher os restos mortais da flor de cima da estante do quarto.
De qualquer forma, eles já se foram, o menino e a menina. Já faz um tempo que se foram, que cresceram, e no começo era insuportável, quase impossível viver nessa solidão toda, embora não fosse ainda uma solidão por completo. Era solidão ao lado dela, e eles já vieram.

II

De vez em quando eu acordo cedo pra ir comprar pão na padaria aqui do bairro, na rua de trás. Vivo dessa taxa que eles dão pra quem fica velho. Taxa que o governo dá, seja lá o que isso for, governo. O que importa é que eu ganho todo fim de mês. Eu e ela ganhamos, e é o que nos ajudou a comprar o sofá, a TV, a cama, a máquina de fotografia – hoje inútil – e várias outras coisas que não são tão necessárias assim pra nossa sobrevivência.
Já não tenho amigos. Todos eles se foram ou foram sumindo conforme o tempo foi passando, e isso é uma coisa natural. Amigos irem embora, não pra morte, mas pra algum outro lugar, é uma coisa natural. Cada um segue a vida, ou o que eles chamam de vida, embora eu também não saiba se posso chamar a minha disso. O que eu quero dizer é que eles se vão, assim como tudo se vai, e no fim só nos resta essa coisa que eu costumo chamar de amor, mesmo eu não gostando desse nome, pois no fundo no fundo todos já sabem que hoje em dia usam esse nome em vão, amor. Antes não. Antes era sério, mas hoje não. É em vão, é normal, é natural.
Os Domingos de tarde mudaram. Esses domingos de tarde, aqueles mesmos Domingos em quais eu costumava transar ou deitar na grama do parque, esses domingos de tarde mudaram. Não tenho mais aventuras e nem tenho nada de interessante nesses Domigos, mas talvez seja por isso que eles são meus melhores dias. Tenho aquela paz, aquele clima de Domingo, clima que eu não sei explicar, mas mesmo que eu dormisse quarenta anos e acordasse num Domingo eu saberia que era Domingo, sem calendário e sem nada. Aquele clima. Clima bom. Gosto mais dos que não tem sol, e nem lua. A lua é boa de noite, mas de noite eu durmo, e não a vejo com muita frequência. Então gosto dos dias cinzas, dos que não são nem frio nem quente, nem claro nem escuro. Domingos de tarde, desses que nem chovem e nem fazem sol. Foi nesses dias, de Domingo de tarde, que nem chovem e nem fazem sol, nesses Domingos, que aconteceu.

III

Eu estava deitado no sofá, com os pés num braço do sofá e a cabeça no outro braço. Estava lendo o jornal, e ouvi de longe.

Barulho de campainha, passos em direção à porta, fechadura gira, porta abre.

“Ah, se não são vocês! Está tudo bem? Entra, entra!” Ela disse, minha velha. Houve algumas risadas e uns abraços, por parte deles, do menino e da menina. Ouvi alguns risos de criança, mas talvez fosse meu cérebro tendo alguma alucinação, o que estava se tornando comum. No dia anterior tinha visto - pensado ver - um gato amarelo pulando em minha cama e dizendo “Você vai morrer, você vai morrer, você vai morrer...” infinitamente. Infinitamente. Infinitamente. Mas não dei importância. Conforme fui chegando perto ele foi se desfazendo feito areia de praia e eu deitei e dormi.

Uma voz diferente, masculina, grave, em minhas costas.

- Pai, tá dormindo?

Era o Márcio. Menino que já não era menino. Meu menino, meu antigo menino. Ele já estava grande, alto, maior que eu. Tinha alguns pelos grossos saindo de seu rosto, e eu pensei comigo “Ele está com mais barba que eu”, e vi que a dele era preta, e a minha branca. A memória é vaga, mas talvez houvesse tido um abraço forte naquele momento de reencontro, um beijo no rosto, um “Mas como você está diferente”, e todas essas coisas assim.
Depois ouvi uma voz por trás. Voz doce, feminina. Não era minha velha, e deduzi que fosse a menina. Minha menina, minha antiga menina.

- Oi pai. Sou eu, Alice.

Alice. Alice. Alice. Era minha menina. Pequena antiga Alice. Ela tinha seios agora. Seios. Mulheres têm seios, mas ela era ainda minha menina. Mulher pro mundo, menina pra mim. Complicado de explicar, mas eu entendo facilmente. Era parecida com a mãe. Bem parecida. Todos os detalhes coincidiam, e eu fiquei feliz duas vezes. Uma por ver a menina, e outra por rever minha velha, como na época em que ela não era velha. Duas vezes. Feliz.
Mas o que mais me assustou, ou deixou mais feliz ainda, não sei bem. Foi o menino e a menina de verdade. Não o meu menino e menina. Menino e menina deles, do menino e da menina. Pode ser que esteja complicado de entender, mas eram os filhos dos meus filhos; meus netos. Menino era da menina. Menina era do menino. Eles eram bem pequenos, baixinhos, características típicas da minha velha, incrivelmente todos se pareciam com ela. Cabelos negros, peles brancas, e tudo mais. Me levantei do sofá pra ver os pequenos, e me deram abraços tímidos. Foram correr pela casa toda. Talvez o menino tenha corrido de braços abertos, imitando um avião e fazendo “vrum vrum” com a boca, numa tentativa de fazer o som de um aeroplano. Não sei ao certo se sonhei ou se de fato aconteceu. De qualquer forma, a menina era mais tímida. Não tão tímida, só um pouco, no começo. Depois a timidez passou, e ela até me ajudou a fazer panquecas, com a mãozinha toda melecada de mel e açúcar e essas coisas assim. Também lemos um livro, um pouco mais tarde. Era infantil, e eu lia alto pra que os dois ouvissem. Sentaram os dois em meu colo, cada um em uma perna, no sofá descascado. Foi bom.
Passamos o dia assim, Domingo de tarde. Ele estava cinza, sem sol e sem lua, nem frio e nem calor. Perfeito do jeito que os Domingos devem ser.
Faz algum tempo que eles não vêm de novo, os meninos e as meninas. Mas talvez eles tenham vindo, e eu tenha esquecido. Ando esquecendo muitas coisas ultimamente. Uma vez ouvi que eu tinha uma tal coisa na cabeça, Alzheimer. Nem imagino o que isso seja, mas sei que eu levo como uma coisa boa. Há tempos, agora, não vejo meu menino e minha menina, nem o menino e a menina deles. Aqueles dois quartos vazios agora já têm duas camas. Uma cama em cada um, uma rosa e uma azul, que é pras crianças, quando elas quiserem dormir por aqui. Talvez eles já tenham dormido algumas vezes, mas não me lembro. Talvez eu tenha sonhado, ou foi só coisa de minha cabeça. Sei que estou velho, farto. Essas coisas acontecem com velhos, e o lado bom disso tudo é que eu me surpreendo todas as vezes, sem exceção de nenhuma. Vejo os meninos e as meninas e os vejo como se fosse a primeira vez. Como se eu lesse o mesmo livro milhares de vezes e me impressionasse com o final em todas elas, de uma forma como se eu nunca tivesse lido antes. E é assim, cada vez que eles se vão. Cada vez sinto que se passa uma eternidade pra que eles venham de novo, e eu não me importo. A velha fica dizendo que todo fim de semana eles vêm, mas eu não acredito. Talvez ela esteja alucinada, talvez seja coisa da cabeça dela. Mas eu não. Eu sei do menino e da menina. Eu sei. Ela não. Eu sei.

29 comentários:

  1. De perder o folego e sentir o coração aos solavancos.

    LINDO!

    bom vir aqui

    Denise

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  2. Lucas,

    Somos todos humanos errantes e trazemos essas memórias e o pior é que esquecemos sempre. Assim que li o que disse sobre as fotos antigas, eu vi a minha impressão também. E sempre acho que gente em foto antiga, me parece ser tudo muito igual.

    E é congênito. Só percebemos o bom momento, depois que ele passou.

    Bjo, Lucas.

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  3. Ah, como me encanto com seus textos...

    Adorei!

    O título é lindo!

    Bjos!

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  4. Lembrei dos meus avós! liiiindo, engraçado que era tão normal a gente pensar que nossos avós estariam juntos pra sempre, enquanto que hoje é tão absurdo pensar em passar o resto da vida ao lado de alguém. Enfim...eu ainda acredito no impossível e eu quero ser como os meus avós.

    E a melhor coisa que pode existir é ser feliz, e saber exatamente na hora que está sendo.

    beijos

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  5. cara to bêbada de ler isso!
    achei por acaso e me encantei!
    parabéns por todas e tantas boas palavras!
    vou linkar no meu ok?
    bjbj!

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  6. São imensos...mas sempre quero chegar no final...sempre anseio pelo fim....me encanto sempre com seus post's...

    Bjus

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  7. Sabe, fico aqui babando com a sua habilidade em alcançar as pessoas assim, de forma complexamente simples, entende o paradoxo? rs

    Mas é assim.
    Bom demais e emocionante estar aqui e caminhar por entre teus versos.

    Beijo meu

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  8. Ahhh, jura que se chama mesmo? rsrs

    Ahhh, essas tuas histórias tão ricas de detalhes minuciosamente descritos parecem nos convidam a fazer parte. E ao ler cada verso, linha, cada época aqui vivida ou inventada, confesso que as vezes se torna dificil acompanhar, ter fôlego (cara tu escreve demais.... não sou atleta rsrs.. brincadeira)

    As vezes me perco em minha imaginação aqui com tuas linhas. As vezes me perco mesmo de não entender rs
    Mas no fim de tudo, eu sinto, como mts outros, que entendi tudo. E melhor, sentir a essência da história.

    Assim, complexamente simples! rs

    beijos
    (será que te confundi mais? rs)

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  9. belo blog Lucas.Obrigada pela visita no meu espaço e comentário.
    abração

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  10. uma história repleta de nostalgia...
    a historia de vidas que se cruzam,
    foi boa a ideia de usar um narrador em primeira pessoa.


    www.thiagogaru.blogspot.com

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  11. Velhos são os trapos, porque pessoas de idade são importantes, eles viveram intensamente, eles viveram de maneira diferente, eles têm inumeras histórias para contar.

    Amei seu texto, cada dia que venho cá me surpreendo.
    Beijo

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  12. Um sopro de nostalgia...


    Encantada, viu?

    Bjos querido!

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  13. Muito bonito

    Passei para desejar um bom FDS

    Abraço
    .

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  14. Vc é super talentoso.
    Parabéns pelos textos
    abraço

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  15. Lucas,

    é o seguinte, meu caro: cadê o livro? Hein? Meu, que coisa esse seu blog. Coisa mesmo, não tem nome. Me enterneci diante do texto, da poesia, do carinho com as palavras. "Ninguém sabe cuidar das rosas..." essa frase ficou. Quis copiar pra mim com o ctrl c, ctrl v, mas você não deixou. ¬¬

    O retrato descrito, pintado pela sua tinta-escrita me levou sem medo, sem pausa, sem desgoso. Li como quem devora. Estou digerindo ainda, calma.

    Linkei você, pra te ler sempre, pra me inspirar.

    Abraço!

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  16. Lucas,
    Parabéns pelo seu blog. Sou poeta e criei um blog de poemas e crônicas pra divulgar meu trabalho. Se puder, dê uma passada por lá. Grande abraço! Seguem aí um poema e uma crônica!


    SUJEITO OCULTO (Victor Colonna)


    O problema são as conjunções desconjuntadas
    As interjeições rejeitadas
    Os adjetivos desajeitados
    Os substantivos sem substância
    As relações de deselegância entre as palavras.

    É preciso superar o superlativo:
    O absoluto sintético
    E o analítico.
    Achar o verso
    Entre o verbo epilético
    E o pronome sifilítico.

    Falta definir o artigo inoxidável
    O numeral incontável, impagável.

    Resta procurar o objeto direto
    Situar o particípio passado
    E o pretérito mais-que-perfeito

    Desvendar a rima
    Desnudar a palavra
    Encontrar o predicado
    E revelar o sujeito.


    METAMORFOSE (Victor Colonna)


    Musicalmente eu tenho andado na fase “Raul Seixas”.

    Passo horas do dia ouvindo seus cds e especialmente “Metamorfose Ambulante”. É uma música genial, que fala da necessidade de mudar, de desdizer, de (se) contradizer o tempo todo. E como toda obra de arte é o que não é falado (o subtexto) que é o mais importante.

    “Metamorfose Ambulante” é sobre insatisfação, sobre a vontade de ser ”inadaptado”, sobre a consciência de ser incoerente e a incoerência de ser consciente.

    “Respeite as tradições”, “estabilize-se na vida”, “entre no esquema”, “não pise na grama”. Parece que é isto que o mundo politicamente correto nos diz sempre, silenciosamente, insidiosamente, nos transformando naquilo que não queremos ser. E ficamos engessados em empregos ruins, relações inócuas, amores amargurados, fórmulas pré-concebidas, regras universais.

    Quantas vezes eu quero trabalhar num domingo às 7 da manhã, dormir às duas da tarde, ouvir o som da penumbra, embebedar as segundas-feiras, destruir os ícones, me irmanar com os bichos, rir com meus olhos míopes, chorar de desejo, rir de tristeza, repetir o que nunca foi feito e me deixar levar pra longe, pra chegar perto eu não sei nem de quê.

    E aí eu escrevo!

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  17. Olha, lindo texto. Ótimo blog, pelo visto passarei aqi muitas vezes. Fiquei curiosa em saber qual é a música do radiohead q vc ouviu lendo o meu texto...

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  18. ...existem abraços, beijos,
    e carinhos virtuais que possam
    ser sentidos do outro lado
    da telinha?

    se existem, sinta-se abraçado,
    beijado, e acarinhado pela
    minha emoção...

    smackssss, lindeza!

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  19. Parabéns!
    Rapaz, faz um livro com essas preciosidades.
    Talentoso^^

    bjos
    ;*

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  20. Parabéns...esse texto está excelente, lindo...muitíssimo bem conseguido....
    Olha...eu não conhecia este blog mas agora vou ser assídua!
    BShell

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  21. Genial!
    To maravilhado com tamanho talento!
    Parabens, investe em voce que vc será um dos melhores no que faz
    AbraçO

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  22. Muito Bonito, continua a escrever, vale a pena! Obrigado pela visita à Floresta. Bjos

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  23. Obrigada, me encantou!
    Parabens pelo blog!
    bjs

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  24. Obrigada pelo comentário no blog! ;D
    Mas nem é meu... é uma música de Kid Abelha! ;P
    AHUahuha...

    Eii... quando é mesmo que sai seu livro?!
    Você escreve mesmo muito bem! ;)

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  25. Ahh Lucas, vc é danado de bom mesmo !! O que vc viajou na foto envelhecida, já daria um livro ... Lindo texto, linda estória de vida, linda "meninada" que independe da idade ... morremos eternos meninos/as !!
    Vc é de uma sensibilidade impressionante !!
    Beijos de menininha ! rs
    Helô

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  26. Venho agradecer a tua visita e as tuas palavras. Foram muito importantes para mim...acredita!
    Obrigada

    Boa Noite
    BlueShell

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